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sábado, 26 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Morte #4

Hoje ainda me custa acreditar que isto tenha acontecido, ainda me parece mentira. Não estava preparada, acho que nem eu, nem ninguém. É tão estúpido que isto tenha acontecido. As coisas não deveriam ser assim.
É um choque entrar no café e ouvir as pessoas falarem sobre o menino de 14 anos que morreu, é um choque especialmente por ser o meu primo. Não me venham com cantigas de que já eramos afastados, bullshit!!! Era meu primo e ponto final!
Não é justo que uma criança, sim porque com catorze anos somos praticamente crianças, morra. Depois de viver tudo isto, à distãncia mas sempre com a cabeça lá, é me bastante dificil ver pessoas que acreditam piamente em Deus. Se Deus realmente existe, então que raio de Deus é este que deixa uma criança de catorze anos morrer? Não acredito em Deus, nunca acreditei e nunca acreditarei!
Esta altura do ano torna-se uma altura critica e tão marcada pelas más recordações. Não estou preparada para passar por tudo outra vez,  nem eu, nem esta família.

Descansa em paz Ricardinho! Partiste, mas nunca serás esquecido!


sexta-feira, 4 de novembro de 2011

#6

Mais uma vez isto começa sem a certeza de que tenha algo para dizer. São exactamente 23h e 42, certamente daqui a pouco a minha mãe vai chegar à porta do meu quarto e dizer que está na hora. Não é tarde, não me sinto cansada e amanhã é feriado, no entanto sei que ela o vai fazer, não me vai mandar dormir, mas vai-me mandar largar o computador.
Não tenho nada melhor para fazer, no msn a conversa é com a minha prima, sobre as férias que iremos tentar passar juntas. Na minha cabeça? Há mil coisas a passarem-me pela cabeça, a matéria de história que estive a estudar, a música que me circula pelo corpo.
São 00h 01, a minha mãe veio à porta do quarto e disse que já chegava. Hoje fico por aqui...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morte #3

Ontem fui ao cemitério, ir lá não costuma mexer comigo e não costumo sentir necessidade de escrever. Mas desta vez foi diferente, quando saí de lá jurei a mim mesma nunca mais lá voltar no dia de todos os santos.
Não sei o que me deu ontem, sinceramente não sei. Ontem quase não fui capaz de me aproximar das campas, só me apetecia correr dali para fora. Só queria que tudo fosse um pesadelo. É um estupidez, isto já me tinha passado, eu já tinha aceitado. Será a eminência de fazer um ano? Só ontem quando olhei para a data tive consciência disso. Parece impossível, mas já passou quase um ano que o meu Cigano morreu. É doloroso dizer morreu, ainda me custa acreditar. Parece tudo tão irreal.
Ontem, quando cheguei ao pé da campa, estava um casal a ler o que a minha prima escreveu. Quando eu me aproximei e disse boa tarde, olharam para mim para ver se eu me iria aproximar da campa. Cumpri o "ritual", como sempre, aproximei-me limpei a fotografia e dei-lhe um beijo. Tive consciência de que as pessoas me estavam a observar e me ouviram murmurar. Não me importei. A senhora dirigiu-se a mim e disse-me: Desculpe perguntar, mas reparámos que ali à frente existe uma campa de um senhor com o mesmo apelido, é familia? Senti que estava a sorrir sem perceber bem porquê, e respondi-lhe que sim. A senhora olhou para mim baixou a cabeça, mais uma vez e pediu desculpa e deu-me os sentimentos. Agradeci, controlando a vontade de lhe gritar que isso não trazia os meus tios de volta. Depois afastaram-se, fiquei sozinha a olhar para a fotografia do meu tio, imóvel. Até que o meu cérebro começou a gritar para eu sair dali, para eu ir embora. Forcei-me a ir à campa do meu Bigodes. Cumpri o mesmo "ritual".
Não aguentei, as lágrimas ameaçavam cair. Tive que ir embora.