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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Avô #1

Avô, tenho tanto para dizer e tão pouco tempo para escrever. Sabes tudo o que alguém pode saber sobre mim, e se calhar mais ainda. Consegues compreender o que quero dizer sem que tenha que me explicar e sabes porquê? Porque somos iguais, temos aquele jeito estranho de dizer as coisas, onde bastava dizer um adoro-te, tu falaste-me do poder das palavras. Tu sabias o que eu queria e fizeste não há maneira de todos, mas à nossa maneira, aquela maneira de dizer adoro-te.
Gosto tanto de falar contigo, chego mesmo a sentir essa necessidade. Tu entendes-me e fazes-me ver que estou errada, tudo ao mesmo tempo. Apontas-me o outro caminho, aquele que devo seguir apesar de saberes que eu vou escolher o outro. O teu sorriso, a maneira como brincas com o Rodrigo faz-me voltar à infância, às vezes apetece-me voltar a ser criança, correr de mão dada contigo, correr para os teus braços.
Lembro-me tão bem das viagens, das nossas viagens ao alentejo, os caminhos até Santiago são os nossos caminhos, aqueles que tantas vezes percorremos, aqueles onde tantas vezes trocámos ideias. Sabes que ainda hoje me lembro das nossas idas à praia? O que me vem à cabeça quando flutuo na água é a tua voz: "Tem calma que o avô não te vai largar". Não imaginas o quanto essas palavras me dão alento.
Um dia avô havemos de ir os dois, só os dois a Santiago. Iremos falar durante toda a viagem daqueles assuntos que só nós falamos avô como faziamos na distribuição. Sabes avô, tenho saudades desses dias. Tenho saudades de quando passava mais tempo contigo avô. Às vezes avô, choro porque tenho saudades tuas. Às vezes sinto mesmo a tua falta. Mas sei que te tenho e terei sempre avô.
De uma maneira muito simples avô, Adoro-te Muito!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

#7

Hoje, a minha mãe descobriu que fumo. Sempre pensei que ela soubesse, afinal de contas isto já dura à tanto tempo. De certa forma sinto-me aliviada, estava farta de andar escondida e preocupada. Algum dia teria que ser. Para minha surpresa não me disse nada, acho que percebeu que não há nada a fazer. Afinal de que lhe serve dizer se já disse e não serviu de nada.

Sabem que mais Fumar mata, viver também!