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quinta-feira, 29 de março de 2012

Carta à bisavó #2

Tive um sonho, não um sonho não, um pesadelo estranho avó. Sonhei que estávamos todos, mesmo todos, pelos menos os mais velhos, até a Sara lá estava avó, estávamos num consultório, eu sentada ao colo do meu pai divertia-me a irritar a Marisa, depois a porta abria-se e entrava um médico alto de cabelo branco, só a expressão que ele trazia me assustou. Quase que automaticamente a brincadeira, a conversa e os sorrisos acabaram, o médico sentou-se atrás da secretária, abriu uma pasta que eu sabia conter os exames do avô. Olhou para nós um por um e depois disse: "O que tenho para vos dizer não é bom, o senhor António está a morrer". O tio Nando entrou em pânico, a minha avó chorava, a tia Fatinha olhava estupefacta para o médico enquanto repetia que não era possível, eu olhei para a Marisa e depois para a Marina na esperança que uma delas me dissessem que eu tinha ouvido mal, mas o abraço delas confirmou o que temia, eu tinha realmente ouvido bem... Eu só queria sair dali, olhava à minha volta e só via lágrimas, cada um no seu canto, cada um sofria por si, pelo avô, por todos nós.
Acordei, senti a cara molhada, eu tinha realmente chorado... Abracei-me à almofada com todas as minhas forças, chorei, chorei muito avó, chorei tudo o que teria chorado durante o sonho. Depois, não senti alivio, senti medo, muito medo avó. Medo que tudo isto se torne real, medo que um dia aconteça, não assim, mas de qualquer outra forma... Não sei se consigo avó, tenho demasiado medo desta situação.
Eu não estou pronta avó, ninguém está, esta familia não está pronta para mais uma desgraça, muito menos de esata dimensão. Avó, um último pedido, protegenos, não deixes mais nada acontecer a esta familia, pelo menos dá-nos tempo para recuperar.

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